Espiritismo à Francesa: a derrocada do movimento espírita francês pós-Kardec é um filme documentário produzido pela Luz Espírita e lançado em 21 de janeiro de 2018, cuja ideia central é examinar os desdobramentos do movimento espírita logo em seguida à desencarnação de codificador do Espiritismo, especialmente analisando as ações doutrinárias na França, o país de origem da Doutrina Espírita, com reflexos para o restante da Europa e demais regiões mundo a fora, partindo do pressuposto que aquele movimento (tão bem articulado e sempre crescente enquanto liderado por Allan Kardec) entrou em colapso e praticamente desapareceu do seu berço original para depois ressurgir no cone Sul das Américas, notadamente no Brasil.
O roteiro é assinado por Louis Neilmoris e a direção é de Ery Lopes, com coprodução dos canais ArtEspírita e Autores Espíritas Clássicos, produzido com recursos próprios e voluntariado de todos os participantes, sendo publicado e mantido com acesso gratuito pela internet. Dois anos depois do seu lançamento, uma versão dublada em inglês foi publicada pela Luz Espírita.
Cartaz do filme Espiritismo à Francesa: a derrocada do movimento espírita francês pós-Kardec
Dados técnicos do filme documentário:
Título: Espiritismo à Francesa: a derrocada do Movimento Espírita Francês pós-Kardec
Lançamento: 21 de janeiro, 2018
Duração: 115 minutos
País: Brasil
Produção: Luz Espírita
Coprodução: ArtEspírita / Autores Espíritas Clássicos
Direção e apresentação: Ery Lopes
Narração: Dora Carvalho
Comentáriso: Adriano Calsone / Antonio Cesar Perri de Carvalho / Carlos Campetti / Jorge Hessen / Oceano Vieira de Melo / Paulo Henrique de Figueiredo
Vozes (citações): Helmut Heidrich Filho / Mauro Mário de Souza
Dentro do cenário materialista típico do século XIX, uma série de fenômenos espirituais se estabeleceu e deu vida a um movimento conhecido por Espiritualismo Moderno. Da América para a Europa, espalharam-se as sessões de Mesas girantes, para evocação de Espíritos, embora quase sempre movidas por frivolidades. Mas, além dessas experimentações mediúnicas voluntárias, manifestações espontâneas vieram desafiar até os mais cépticos. Convencido da existência dos Espíritos e de sua ação na nossa dimensão terrena, o francês Allan Kardec (pseudônimo do pedagogo Hypollite-Léon Denizard Rivail) dedicou-se a estudar os fenômenos e, compreendo que eles se tratavam de corpo de doutrina, com uma mensagem de renovação moral para toda a Humanidade, sintetizou os seus estudos, acrescidos dos ensinos de uma plêiade de Espíritos que ele acreditou serem elevados missionários e protetores do curso evolutivo da Terra. Essa síntese é chamada de codificação espírita, a base da doutrina que Kardec denominou Espiritismo (Doutrina Espírita), inaugurada na sua obra O Livro dos Espíritos(1857).
A partir dos livros de Allan Kardec e do periódico mensal Revista Espírita por ele lançado em janeiro de 1858, a Doutrina Espírita se popularizou rapidamente na França e logo em seguida em outros diversos países, vigorando assim o Movimento Espírita, ao qual Kardec manteve-se intimamente ligado, especialmente através de correspondência e breves viagens para promoção doutrinária, resultando nele uma natural e legítima liderança. Aliás, uma liderança profícua, uma vez que o Espiritismo se expandia vertiginosamente, penetrando inclusive nos círculos científicos, passando a mediunidade a ser objeto de estudos de grandes personalidades da ciência, sendo os fenômenos espirituais categoricamente desmentidos por nenhum deles e atestados por muitos, dentre os quais Sir William Crookes, Oliver Lodge, Ernesto Bozzano, Camille Flammarion, Charles Richet, Alfred Russel Wallace e Cesare Lombroso.
No entanto, após o falecimento de Allan Kardec, aquele vigoroso movimento perdeu força de articulação, teve sua essência doutrinária distorcida, caiu no descrédito e desinteresse das massas até cair em derrocada quase total, de que restou focos pouco expressivos e bastante desfocados do propósito doutrinário original, normalmente vergados para o esoterismo e o misticismo. A consequência geral foi que a França, o restante do continente europeu e as demais regiões onde o movimento espírita tinha grande atuação e fortes vínculos com os espíritas franceses da época de Kardec, já no começo do século XX simplesmente abandonaram o projeto espírita original.
O documentário vai então se debruçar sobre as principais causas da derrocada do movimento espírita original, nos moldes kardecistas, para depois conectar tais eventos como o ressurgimento do Espiritismo na América do Sul, principalmente em terras brasileiras.
Em linhas gerais, o documentário apresenta uma série de circunstâncias que são comumente apontadas pela historiografia espírita como as razões mais óbvias da desarticulação do Espiritismo original, tais como:
Além desses elementos, mais ou menos conhecidos e aceitos pelos estudiosos espíritas de então, o documentário Espiritismo à Francesa apresentou dados ignorados pela historiografia espírita clássica, a partir de pesquisas recentes em relação ao tempo daquela produção, provindas de fontes também recentemente disponibilizadas, cujo ponto capital concentra-se na atuação fatalmente negativa de Pierre-Gaëtan Leymarie, aquele que se apossou da liderança espírita — inclusive da herança material de Kardec, destinada totalmente para a continuação das obras espíritas — e se tornou causa de cisão entre os kardecistas. O roteiro do filme se valeu de obras recém-disponibilizadas pela Biblioteca Nacional da França, através de seu portal Gallica, como Beaucoup de Lumière de Berthe Fropo (traduzida depois para o português como Muita Luz) e o periódico Le Spiritisme da União Espírita Francesa — entidade criada exatamente para fazer frente aos desvios doutrinários de Leymarie, de acordo com seus idealizadores (dentre eles: Gabriel Delanne, Berthe Fropo e Léon Denis).
O filme também menciona a pesquisa da diplomata brasileira
O fato é que, conforme apresenta o documentário, o Espiritismo genuíno realmente foi apagado do cenário mundial do fim do século XIX para o começo do século XX.
O filme reune três concepções distinta como propostas de contextualização dos fatos ocorridos com o Movimento Espírita original:
A despeito das diferenças dessas teses, na tentativa de explicar a derrocada do movimento espírita francês, o filme se encaminha na ideia de ressurgimento do movimento espírita, especialmente no Brasil.
Conforme o roteiro do documentário, após a derrocada do movimento espírita original, na França e demais Europa, o Espiritismo ressurge forte no cone Sul das Américas, vindo a florescer mais notadamente no Brasil, graças aos esforços especiais da espiritualidade em reunir nas terras sul-americanas as reencarnações de grandes missionários espíritas, inclusive daquelas personalidades espíritas francesas da primeira hora, resultando que o Brasil tenha se tornado o país de maior população espírita do mundo, fazendo esse movimento espírita brasileiro exportador do Espiritismo para o restante do planeta, na esperança que não tarde o projeto de levar a Humanidade ao novo estágio evolutivo programado pela espiritualidade para a Terra: a Era de Regeneração.
O documentário foi traduzido e dublado para o inglês em junho de 2020, sob o título The Downfall of the Original French Spiritist Movement post-Kardec", com a colaboração de Robson Belchior, o tradutor e voice-over. Da mesma forma que a produção original, esta versão foi disponibilizada gratuitamente pela internet.
Cartaz do filme The Downfall of the Original French Spiritist Movement post-Kardec
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